"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

agosto 15, 2009

Adiamento















por Sônia Arruda


Se eu vou morrer amanhã
Por que não decreto feriado
E vou me colorir no sol gostoso?

Se eu vou morrer amanhã
Pra que economizar migalhas
Se quero me dar um belo presente?

Por que seguir os mesmos passos
Apressados passos para chegar
A um lugar ao qual nunca pertenci?

Talvez entre em um ônibus diferente
E me perca em ruas inéditas
Só pra descobrir outros encantos

Talvez compre uma bicicleta
E decida que já é hora
De, finalmente, aprender a pedalar


Ah! E também posso me dar ao desfrute
De nada fazer, de ser vadia
E, ao fazê-lo, nenhuma culpa me pese

A vida pode ser tão prazerosa que,
Se eu vou mesmo morrer amanhã
Por que tenho de começar desde hoje?

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