"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

agosto 15, 2009

Lamento II



por Sônia Arruda


Ah! Querido, sinto tanto...
Por te fazer crer que eras única fonte
Da minha máquina de sonhos
Meu alimento etéreo e eterno

Pedoa se não fui capaz
De te mostrar nenhum limite
Pelo contrário, te incentivei
Nesse vôo louco que aos céus escapa

Perdoa, também, se te consagrei
Herói em terras estrangeiras
Rei em meus caminhos tortos
Santo na minha fé de amor

Se te serve de consolo, pago
Com meu dissabor o equívoco
Estranho elo que ente nós nasceu

E, com pressa, se tornou teu norte

Devia ter sido ainda mais ligeira
E de teu curioso olhar, desviado
Mas fui rendida por tanto encanto
E pouco fiz para te vencer

Copio lágrimas que sufocam
No infinito desejo de te banhar
De saciar tua sede e tua fome
Perdoa se te fiz sonhar...

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