Breve Cisma

por SôniaArruda

De onde nascem os poemas?
Doce mistério do mundo
Talvez do mesmo poço
De onde surgem as lágrimas
E os risos seus avessos
Talvez da mesma nascente
De onde emergem os amores
E as dores que os desgastam

Não se pode esperar pela resposta
A vida tem pressa
E insiste em nos mostrar
Que não é preciso que as coisas
Tenham algum sentido
E é inútil tentar compreender
Porque a terra gira em torno do sol e de si
E o rio corre para o mar

A morte começa já ao nascer
E todo o tempo é precioso e urgente
E corre, impune
Mesmo que tentemos os parênteses
(na vida não há parênteses)
Há só a sensação das coisas vividas
Como uma lembrança sonolenta
Que faz o passado tão longe
E a saudade cada vez mais perto