"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

agosto 06, 2008

Saudade do que não tive

por Sônia arruda


Saudade de mim
Saudade visceral
Orgânica sede do não provado
Revolve a terra negra d’alma
Onde se agitam as sementes plantadas

Saudade par da melancolia
Que mora à margem do riacho
E não corre com ele para a vida
Apenas, espera o gosto adivinhado
Da fruta que não colheu no pé

Saudade náufraga
Aguarda a salvação das velas
Que não tocam essas águas
Cenário monótono de horizonte
Dia após dia aprecio

Saudade que descolore e desvive
Filme em alta rotação
Que se move até o que já foi
E se perde no rolo desconexo

Saudade que faz da memória
A única pátria conhecida
Para onde se pode retornar sempre
E escapar das horas previsíveis

Saudade de mim e de ti
Saudade do que não vivi

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