"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

junho 29, 2008

Leveza

por Sônia Arruda

Nesse intervalo de angústia
a voz do bardo exclama rouca
viver é um esforço imenso
e não há façanha pouca

dias correm ligeiros
horas se arrastam molemente
como cruéis carcereiros
de uma dor tão presente

quero dormir para sempre
e no eterno enxergar
cada intervalo de cores
e as memórias de amar

memórias de mares frios
de pedras e areia quente
de sorrisos dissolvidos
na boca de certa gente




lembranças de rodopios
vertigem e tanta dança
festa de imagens tão belas
vontade de ser criança!

mas, impossível romper
insustentável momento
toda a leveza do ser
me invade. E eu não agüento!

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